terça-feira, 17 de junho de 2014

trouble borderline

E aos poucos ela foi percebendo que a vida nunca seria o conto de fadas como os que ouvia quando criança; 
ela percebeu que diferente dos outros adolescentes ela era mais intensa, sempre bem mais feliz ou bem mais triste; sempre mais empolgada, mais estressada, mais estudiosa, MAIS.
Ela aos poucos foi percebendo que viver não seria tão fácil, que passar pelos dias seria uma luta não com o mundo, mas com ela mesma.
Ela viu que pra não se jogar na vala dos suicidas ela teria que viver 24 horas pro próprio prazer, pra própria felicidade; mas pra aprender isso ela demorou um pouco.
Foram cortes atrás de cortes, tentativas suicidas consecutivas.
 A dor quando chegava trazia consigo uma confusão mental acompanhada por uma angustia e tristeza anormal.
 Os pulmões falhavam, as mãos tremiam, os olhos marejavam, o corpo pedia pela morte. Qualquer coisa seria melhor do que aquilo.
E essa garota foi crescendo, foi tentando vencer a si mesma durante anos, até que conheceu o sexo;  e aquilo virou sua válvula de escape. Quando a tristeza ameaçava chegar: masturbação, o namorado, pornografia.
O namoro acabou, seu corpo pedia mais, então na sede de felicidade ela foi atrás de festas e lá encontrou o complemento perfeito pr'aquela válvula: cachaça e maconha. 
Mas ela não podia viver em festas, então a tristeza, a dor, a angustia voltaram, e então os tarja preta entraram:
 pra controlar o humor, pra controlar os impulsos, pra dopar a vida. 
Mas como uma garota sempre acostumada a viver a intensidade ia aguentar viver dopada? Então reencontrou os amigos.
E agora a vida dela é assim: pra se manter bem, dois tragos;
 pra se sentir feliz, aquela sala no fim do corredor ou o quarto 5x2,
 mas mesmo assim ela está agora em crise, de frente às cartelas que sobraram, pensando em como seria melhor acabar com tudo agora.

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