segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Olhando algumas fotos, as lembranças voltam, assim como as lágrimas. Já era de se esperar isso, mas o que me surpreendeu não foi a saudade que é normal em relação ao meu pai... O que me surpreendeu foi o fato de eu sentir saudade de mim.
Sabe, ver as fotos daquele bebê que ainda não sabe o quão cruel é o mundo em que vive; ver as fotos daquela garotinha ingênua, inocente e com um olhar tão doce, meigo e feliz; tudo isso me fez sentir tanta falta de mim, me fez sentir tanta saudade do que eu já fui.
Cheguei a me perguntar em que parte de toda essa história eu me perdi, porque não dá pra entender como tudo o que eu era foi simplesmente enterrado pelo mundo.
Olhando minha "evolução" física, ninguém vê minha regressão interior. Eu, de tão meiga, alegre, ingênua, inocente, me tornei isso, essa garota triste, machucada, deprimida, carente, sozinha, que já não consegue mais acreditar na humanidade, não consegue mais enchergar o mundo com aquela película de que tudo por pior que seja tem um lado bom; me tornei essa pessoa que no final de cada dia vê que continua a mesma coisa, que não fez nada que possa mudar sua própria história, ou pelo menos a dos outros; que vê no final de cada longo dia que continua com esse vazio por dentro.
Eu cansei de ser assim tão vazia de mim e tão cheia das cicatrizes do mundo.
Eu tenho saudade daquele meu sorriso espontâneo e cheio de ternura; eu tenho saudade de uma pessoa que eu sei que nunca mais vou ser; de uma pessoa que era tão cheia de vida e hoje tá aqui, tão cheia de morte.

Como eu pude me tornar isso? Como eu pude entregar meu coração de algodão doce pra esse mundo? Como eu pude deixar ele devorar todos os meus sonhos? Como eu pude deixar ele devorar o meu coração?

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